Com a popularização da internet, tornou-se comum pacientes buscarem respostas sobre saúde através de consultas pelo Google ou por IA. No entanto, essa prática, embora aparentemente inofensiva, pode representar riscos graves para a saúde.
O papel do farmacêutico vai muito além da dispensação de medicamentos. Como profissional de saúde acessível e confiável, ele pode atuar ativamente na educação dos pacientes, reforçando a importância do acompanhamento profissional e combatendo o uso inadequado de informações digitais.
O problema das Consultas pelo Google ou por IA:
O hábito de procurar sintomas no Google ou em aplicativos de IA pode trazer uma falsa sensação de controle ou clareza, mas costuma gerar efeitos contrários. Entre os principais riscos estão:
- Autodiagnósticos equivocados: Muitas doenças compartilham sintomas semelhantes. A interpretação errada de um sintoma pode levar o paciente a se preocupar com condições graves ou, ao contrário, ignorar sinais sérios por acreditar que se trata de algo simples;
- Automedicação inadequada: Com base em suposições, o paciente pode comprar medicamentos sem prescrição, recorrer a fórmulas caseiras ou até usar medicamentos de outros familiares, o que aumenta o risco de intoxicações, interações medicamentosas perigosas e efeitos adversos;
- Confusão e desinformação: Alguns sites ou ferramentas podem apresentar informações desatualizadas ou imprecisas. Além disso, nem sempre há clareza sobre o contexto clínico, o que pode gerar ansiedade e atrasar a busca por atendimento adequado;
- Redução da confiança nos profissionais de saúde: Quando o paciente acredita que “já sabe” o que tem, pode resistir às orientações de médicos e farmacêuticos, dificultando o tratamento ou atrasando o diagnóstico correto.
O papel da farmácia de manipulação na orientação dos pacientes
O contato direto e recorrente com os pacientes torna a farmácia de manipulação um espaço estratégico para promover orientação segura e humanizada. O farmacêutico pode:
- Escutar atentamente os relatos dos pacientes, com empatia e acolhimento;
- Identificar sinais de autodiagnóstico e intervenções sem prescrição;
- Alertar sobre os riscos da automedicação e da substituição de consultas médicas por ferramentas digitais;
- Encaminhar, quando necessário, o paciente para um profissional médico de confiança;
- Explicar, de forma clara, o papel de cada medicamento e a importância da prescrição individualizada;
- Aproveitar canais digitais da farmácia (redes sociais, WhatsApp, e-mail) para compartilhar conteúdos educativos que ajudem o paciente a entender melhor os limites da informação online.
Educação digital como parte do cuidado farmacêutico
O farmacêutico também pode desempenhar um papel ativo na educação em saúde digital, ajudando o paciente a utilizar a internet de forma mais crítica e segura:
- Orientar sobre fontes confiáveis, como sites de instituições de saúde, associações médicas e órgãos públicos;
- Explicar que a IA pode ser uma aliada, mas não substitui a avaliação presencial, o exame clínico e o histórico de cada paciente;
- Reforçar que sintomas semelhantes podem ter causas muito diferentes, e que só um profissional de saúde pode fazer uma investigação adequada;
- Incentivar a busca por orientação profissional sempre que houver dúvidas sobre o uso de medicamentos ou tratamentos.
Essa abordagem educativa contribui não apenas para evitar riscos, mas também para fortalecer o vínculo de confiança entre o farmacêutico e o paciente.
A responsabilidade é compartilhada
A tecnologia traz avanços importantes, mas não deve substituir a escuta qualificada, a empatia e o conhecimento técnico dos profissionais de saúde. O farmacêutico tem a missão de proteger, orientar e acolher seus pacientes, especialmente quando eles recorrem a atalhos digitais que podem comprometer sua saúde.
Ao educar o paciente sobre os riscos de “consultas pelo Google ou por IA”, o farmacêutico promove o uso consciente da informação e fortalece o papel da farmácia como espaço de cuidado, confiança e segurança.
A orientação correta salva vidas, e começa no atendimento humanizado, dia após dia, dentro da farmácia.