CURADORIA DO SETOR MAGISTRAL Conteúdos

29/10/2013 Informes

Em busca da valorização dos farmacêuticos

Farmacêutico bioquímico formado pela Universidade Estadual Paulista, Pedro Eduardo Menegasso já ocupou diversos cargos na estrutura do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP). Atualmente, preside a entidade em mandato que vai até o final deste ano, sendo candidato à reeleição. Em entrevista para a Anfarmag, ele faz um balanço da gestão (2012/2013) e opina sobre as grandes questões que envolvem o setor farmacêutico no Brasil.

Anfarmag: Quais os principais desafios que você encontrou durante seu mandato no CRF-SP?

Pedro Menegasso: Acredito que o maior desafio tenha sido a luta pela valorização do farmacêutico. Atualmente, a abertura indiscriminada de cursos em todo o Brasil fez com que entrassem no mercado muitos profissionais. Como resultado dessa situação, temos hoje muitos formados, poucos empregos e baixos salários.
Ou seja, o mercado não absorve toda a quantidade de novos profissionais e, quando contrata, o faz por força de lei por meio da fiscalização do conselho por entender a real importância do farmacêutico. Na Região Oeste do estado de São Paulo já há uma estatística de cinco profissionais por vaga. Na tentativa de reverter esse quadro, temos trabalhado junto às autoridades competentes para melhorar o critério para abertura de novos cursos e aumentar o rigor sobre a fiscalização dos já existentes.

A: Antes de chegar a presidente, você ocupou diversos cargos no CRF-SP. Em sua opinião, qual a importância da entidade para o setor da saúde no Brasil?

PM: A importância da entidade é muito grande, já que grandes discussões para o setor surgiram em São Paulo. Como exemplo, podemos citar a preocupação com a venda indiscriminada de antibióticos, o que resultou numa maior fiscalização contra a venda dessa substância no país. Além disso, as discussões sobre a RDC Nº 44, da Anvisa, que regulamenta os serviços farmacêuticos, começaram em São Paulo.

A: Qual a importância do setor magistral para a promoção da saúde pública?

PM: O ramo magistral exerce uma função importante individualizando tratamentos que a produção industrial de medicamentos não consegue suprir. A individualização de tratamento é uma tendência importante que traz racionalidade terapêutica aos tratamentos.

Ao adquirir a quantidade exata do medicamento prescrito, o paciente fará o tratamento de forma eficiente e não haverá um excedente da substancia para ser compartilhado. Nesse sentido, o ramo magistral contribui para evitar a automedicação. Vale destacar que, mesmo sendo tão importantes, as chamadas farmácias de manipulação e seus fornecedores convivem hoje com sérios problemas para funcionarem, que vão do excesso de burocracia a problemas tributários, o que tem prejudicado bastante esse setor.

A: Quais as principais demandas da categoria dos farmacêuticos?

PM: A categoria farmacêutica tem uma série de demandas das quais o CRF-SP geralmente está à frente. Com algumas, podemos colaborar até o limite de nossa competência de atuação. A principal delas é relativa a salário. Os profissionais têm lutado também por melhores condições de trabalho, redução da jornada de trabalho, pagamentos de horas extras e plantões, principalmente nos estabelecimentos que funcionam 24 horas por dia.
No entanto, a grande reivindicação é por reconhecimento e valorização, o que acarreta melhorar todas as outras condições.

A: Qual a importância da prescrição farmacêutica?

PM: É uma vitória para a categoria e uma excelente oportunidade para o farmacêutico mostrar seu papel à população. A indicação de MIPs (medicamentos isentos de prescrição) já era feita nas farmácias e drogarias sem a formalização. É melhor formalizar com a prescrição que documenta o ato dando maior segurança ao paciente aumentando a credibilidade do trabalho do farmacêutico. Agora a história é outra.

A: O farmacêutico está preparado para prescrever?

PM: Acredito que parte expressiva da categoria está disposta e preparada para assumir essa responsabilidade. Junto com o CFF, podemos contribuir na construção de um novo modelo que tenha foco na saúde pública e na farmácia como estabelecimento de saúde. Os medicamentos isentos de prescrição médica como analgésicos, antitérmicos e antiácidos atualmente estão disponíveis para aquisição pelo paciente, inclusive sem a orientação de um profissional de saúde. Muitas vezes o paciente consome esses produtos por indicação de um amigo ou parente, da propaganda ou do balconista da farmácia.

A: O que muda com a prescrição?

PM: Com a prescrição farmacêutica, o paciente terá a oportunidade de receber a recomendação diretamente de um profissional habilitado tecnicamente para tal atividade quando tiver um problema simples de saúde, como febre e azia. Essa indicação e as orientações sobre a forma de uso do produto serão realizadas por escrito, o que aumentará a segurança dos cidadãos brasileiros. Parte da população não entende que quem está atrás do balcão é um profissional com formação de nível superior. É o profissional de saúde mais perto da população. Não precisa pegar fila, não precisa marcar hora.

A: Você acredita que a prescrição vai diminuir a automedicação?

A prescrição farmacêutica é realizada com base nas necessidades de saúde do paciente. Com certeza ela diminuirá a automedicação e o uso não racional de medicamentos, uma vez que o farmacêutico fundamentado em critérios técnicos e éticos, somente recomendará o uso de um produto que o paciente realmente necessita e para o tratamento de patologias que não exigem um diagnóstico prévio.

O farmacêutico avaliará diversos fatores antes de efetuar a prescrição, dentre eles, os sintomas relatados pelo paciente, outros medicamentos já utilizados e o tempo de duração dos sintomas. Somente após essa avaliação prévia fará a prescrição ou encaminhará o paciente para um serviço médico.

Divulgação/CRF/SP

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