Tecnologia e personalização: Como a farmácia magistral está reinventando a saúde individualizada
Na vanguarda da inovação e personalização da saúde, as farmácias de manipulação desempenham um papel essencial em um cenário de transformação no setor farmacêutico. A Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais), com 38 anos de história e cerca de 8 mil associados no Brasil, tem sido uma das principais impulsionadoras desse movimento. A associação trabalha de perto com as farmácias magistrais, oferecendo suporte técnico e institucional, além de garantir a sustentabilidade e a evolução do setor.
Marco Fiaschetti, Diretor Executivo da Anfarmag, é uma das figuras-chave que lidera a entidade em sua missão de expandir o acesso a soluções de saúde personalizadas. Com um olhar atento às novas tecnologias e às tendências que moldam o futuro da medicina, Fiaschetti compartilha, nesta entrevista exclusiva, a visão da Anfarmag sobre o futuro da farmácia magistral e seu impacto na medicina personalizada.
Apotek Magazine: A farmácia magistral sempre esteve à frente no conceito de personalização. Como a inovação está impulsionando ainda mais essa característica?
Marco Fiaschetti: Onde há inovação, a farmácia de manipulação logo se faz presente. Graças à sua abordagem individualizada, ela é mais rápida e traz formas práticas de aplicar as novidades que surgem. Somos tão vanguardistas que entendemos a individualidade do ser humano. Para nós, a inovação está consolidando ainda mais a saúde individual que só as farmácias de manipulação podem oferecer a curto prazo.
AM: A medicina discute cada vez mais que ninguém é igual a ninguém. Considerando esse cenário, qual é o papel estratégico das farmácias de manipulação na medicina personalizada do futuro próximo?
MF: Não é modismo, é um fato: ninguém é igual a ninguém. Há muito tempo, os medicamentos industrializados seguem padrões homogêneos, utilizando principalmente o perfil masculino e adulto como base dos estudos. Hoje, é consenso que fatores como peso, idade, sexo, raça e até metabolismo interferem significativamente na performance dos medicamentos. É exatamente essa atenção individualizada que as pessoas procuram cada vez mais, e que a farmácia magistral oferece desde sempre.
AM: Inteligência artificial generativa, impressão 3D de medicamentos, big data, dispositivos que monitoram parâmetros online, telemedicina e genômica já estão presentes e não são mais obras de ficção. Como tudo isso impacta o setor da manipulação?
MF: Sim, toda essa revolução tecnológica já é uma realidade. Todas essas inovações contribuem para a medicina de precisão, uma medicina personalizada onde o paciente, na sua individualidade, é o foco. E tudo isso alavanca a importância dos tratamentos únicos na cadeia da saúde, valorizando ainda mais o papel vital das farmácias magistrais na promoção, manutenção e recuperação da saúde dos pacientes. Bem-vindos ao “admirável mundo novo”.
AM: O papel da farmácia magistral é reconhecido como fundamental em situações como epidemias, doenças raras ou para grupos específicos. De que forma as farmácias magistrais podem ampliar essa capacidade, salvando ainda mais vidas?
MF: As farmácias de manipulação já se destacam como pilares essenciais no sistema de saúde brasileiro. Com mais de 8 mil estabelecimentos, somos referência mundial. As inúmeras possibilidades na manipulação de medicamentos sob medida são especialmente cruciais em casos de doenças raras ou para recém-nascidos que demandam produtos muitas vezes descontinuados ou não atendidos pela grande indústria. Além da personalização, as farmácias de manipulação também atuam nesse nicho de mercado, valorizando ainda mais seu papel na cadeia da saúde.
AM: Como a Anfarmag enxerga o futuro do segmento magistral no Brasil, considerando a demanda crescente por soluções personalizadas na saúde?
MF: Enxergamos um futuro brilhante. A Anfarmag, há 38 anos, acompanha de perto o crescimento do setor magistral. Nosso papel é trabalhar incansavelmente pela sustentabilidade técnica, econômica e social do setor. Com 14 regionais distribuídas pelo país, estamos sempre trabalhando para possibilitar que cada vez mais pessoas possam se beneficiar de uma saúde individualizada. Aliás, esse é um direito da população. Temos plena certeza de que a demanda por soluções individualizadas seguirá crescendo, e a farmácia magistral liderará essa tendência.
AM: Quais são os atuais desafios do setor para a ampliação do acesso aos produtos manipulados, aproveitando essa oportunidade proporcionada pelas novas tecnologias em saúde?
MF: Creio que os dois principais desafios são a sustentabilidade econômica das farmácias e a perenidade dessas empresas, visto que são, principalmente, empresas familiares de pequeno porte. Primeiro, é preciso resgatar a lucratividade que o setor já teve e ampliar essas margens. Isso permitirá que os empresários tenham capacidade de investir no negócio — em tecnologia, automação, instalações, robustez na gestão da qualidade, entre outros. A Anfarmag vem desenvolvendo uma estratégia setorial com diversas ações para possibilitar que as farmácias tenham melhores markups e uma gestão estratégica mais eficiente do negócio. Quanto à perpetuação dessas empresas familiares, é importante preparar esses empresários fundadores para realizarem a sucessão, seja para seus herdeiros ou para profissionais com experiência na direção executiva de negócios. E isso envolve um processo de melhoria de governança dessas empresas familiares.